13.7.11

12 # Carta para a pessoa que mais odeias ou que te causou mais sofrimento.

Nunca mais pensei em ti sabes? Sem ser naqueles dias que me vens falar, e raros também são esses. E ontem, ao tocar no teu nome, ao falares comigo, lembrei-me que já nem me lembrava de ti. Que já não sei o teu número de cor e que o teu nome completo também já parecia desbotado. Que já não me lembro das tuas expressões tão bem como deveria, nem das tuas manias ou vícios. Não me recordo de ti, nem de como falas. O tom da tua antiga voz nem uma memória é, e muito pior, esqueci tudo aquilo que passamos juntos como se fosse um capitulo secreto da minha vida. A única coisa que lembro é de me dares pelos queixos e agora nem isso, consegues ser mais alto que eu... Como me habituei a ti, desabituei-me. Não foi fácil inicialmente, mas ninguém disse que o era. E por vezes, mesmo não sabendo nada de nada, também não o é. Ao principio, custou imenso mas acabei por me habituar. Graças a isso hoje acredito que tudo é uma questão de hábito, de tempo, ou de falta dele. Foi difícil arranjar qualquer coisa que ocupasse a minha mente para não pensar tanto em ti e na falta que me fazias. Agarrava-me a qualquer coisa, até ao impensável. Ocupei-me com tanta coisa só para não me deparar com as tuas memórias a me assombrar. Refugiei-me na música para tentar apaziguar a dor. Fiz tudo e ao final percebi que não tinha feito nada, há coisas que só o tempo leva. E hoje sinto-me bem. Ainda te sinto em mim, continuas a ser o meu mais-que-tudo, é verdade, mas acho que te vou sentir sempre pois as coisas importantes da vida não se perdem assim. Não preciso de te ver para me lembrar de ti. Não preciso de chorar para me lembrar da nossa pequena história. Não preciso de te abraçar para me recordar de como cheiras bem. Não preciso de promessas para ter a certeza que nunca te vou esquecer. Tu habituaste-me assim. Doeu muito. Doeu no inicio, durante e por vezes ainda dói. Mas é uma dor muito vazia e distante. Não é aquela que fere e nos tira o chão. É a que o tempo deixa, a dor das saudades e do que podia ter sido mas não foi. Agora é diferente. Não tenho raiva mas sim pena do rumo que as coisas tomaram. Serás sempre o meu melhor amigo, lembra-te disso.

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